El vino da brillantez a las campiñas, exalta los corazones, enciende las pupilas y enseña a los pies la danza. José Ortega y Gasset (1883-1955).

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Famiglia Tasca


Casa da Famiglia Tasca onde são produzidos, de forma inteiramente artesanal, sucos de uva de excelente qualidade. Localizada em Santo Isidoro, no Vale dos Vinhedos, faz parte do município de Monte Belo do Sul (RS). A familia estabeleceu-se neste local por volta de 1874, no início da imigração italiana e permanece no lote original até nossos dias. Construção típica, com porão de pedra e parte superior feita com tábuas largas, fechadas com ripas de mata-junta, serviu como residência dos Tasca por muitos anos. Atualmente, funciona no local, um museu com peças do mobiliário colonial, ferramentas agrícolas e utensílios domésticos diversos, muita coisa trazida da Itália, como duas enormes caixas de madeira, onde vieram acomodados todos pertences necessários ao início de uma nova vida no Brasil. Há tambem um varejo onde é possível experimentar e adquirir suco de uva, geléias, compotas e conservas, queijos e embutidos produzidos na colonia. Peças de artesanato produzidos em palha de trigo como chapéus, bolsas, sacolas tambem estão em exposição.
As grossas paredes de basalto talhado e pé direito de 6 metros abrigam enormes pipas da antiga cantina. De temperatura fresca e agradável, ambiente muito acolhedor é um espaço ideal para confraternização de pequenos grupos. A cozinha é muito boa, serve produtos regionais como queijo serrano, salame, copa, pão e diversos tipos de massa, tudo regado com bons vinhos e sucos. Grande especialidade da casa é a Codorna Recheada. Outra grande atração é o grupo coral Salute al Brasile, que em algumas ocasiões nos encanta com canções tradicionais do Vêneto.


Vista da janela do quarto de casal da familia. A mobilia é original, cama de ferro, lastro de tela e colchão de palha de milho. O Vale desce fortemente neste ponto e a vegetação nativa está preservada.




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Paisagem de Santo Isidoro. No alto aparece o salão comunitário e, um pouco a esquerda, a Capela, os parreirais abrem-se entre extensas faixas de mata nativa. Os diferentes tons de verde são próprios de cada variedades de uva , de estádio de desenvolvimento e maturação ou devido ao sistema de condução escolhido. A direita da foto, surgem os vinhedos da Zona Piazzeta, região mais baixa, que concentra produtores de uva de mesa como as variedades Vênus, Concord e Niágara.












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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Chateau Hackmann - safra 1977

Acho que nunca vou esquecer este vinho, que tomei junto com alguns amigos em julho de 1977. O nome era uma alusão festiva a algumas marcas que se destacavam no mercado brasileiro da época. Elaborado com uvas cuidadosamente selecionadas de um parreiral escondido em uma encosta sombria do município de Taquara (RS), era o vinho mais aguardado daquela safra. Se não conhecesse profundamente o responsável por esta jóia rara, diria tratar-se de um vinho robustecido em cantina. Não era , nunca foi esta a intenção de Ary Ganso, que no fundo queria apenas fazer um vinho para o consumo da casa e para comemorar com os amigos, como fazem quase todas as famílias de viticultores. Técnicas pouco convencionais foram utilizadas em sua vinificação, o açúcar, insuficiente, foi abundantemente corrigido, a fermentação tumultuosa aconteceu de forma transbordantemente descontrolada, e muito vinho se perdeu nos primeiros dias. Em abril, tudo parecia estar tranqüilo e o vinho repousava em três barricas de carvalho, no porão da casa de madeira. Mesmo assim, parecia faltar alguma coisa, acharam que o vinho podia sair fraquinho ou meio sem corpo, não sei quem foi que sugeriu, mas o teor alcoólico foi subitamente modificado.

O segundo semestre da faculdade estava para começar e combinamos um churrasco em minha casa. Já tinha virado hábito marcar um assado em todo reinício de aulas. Um garrafão de vinho tinto, um pernil de ovelha e farinha de mandioca moída grossa, este era invariavelmente nosso cardápio - às vezes alguém inventava de trazer pão. Verde, somente a erva do chimarrão, que tomávamos enquanto a carne dourava no fogo. Comecei cedo a função, espeto no alto, braseiro controlado e a gordura pingando lentamente. Aos poucos, todos foram chegando. Éramos quatro ou cinco talvez, afinal o pernil de um capão adulto não dá para muita gente. Finalmente Ganso chegou trazendo o garrafão do Chateau Hackmann.

Era para ser um passeio. Fazia frio naquele dia, batia uma chuva fininha, tudo parecia perfeito e todos nós estávamos animados para derrubar aquele vinho tão anunciado. Não foi o que aconteceu. Boris, o cão boxer de minha irmã, que sempre nos acompanhava serviu de testemunha das tristes cenas que aconteceram em seqüência. Garrafão aberto, vinho nos copos, erguemos um brinde ao nosso reencontro. Logo surgiram os primeiros comentários: notas vulpinas delicadas, sabor foxado e ligeiro desequilíbrio e, alguns críticos mais acerbos, partiram logo para o gosto de pelo de cachorro molhado, com persistência desagradável. Não foi fácil, não foi nada fácil, o vinho logo revelou toda sua potência alcoólica. Tinham graduação muito baixa, os vinhos de mesa daquele tempo e um garrafão para nossa turma era brincadeira. Aquele ali não, resistia. Passado duas horas, mais de metade do líquido permanecia incólume no recipiente.

Tratei de fugir. Convidei meu amigo Juarez para remar no Guaíba, pensei que um pouco de exercício, o vento frio, o ar puro nos faria bem. Logo estávamos navegando nas águas revoltas do grande rio. Era um caiaque antigo de madeira muito pesada. Remamos um pouco até atingir o ancoradouro de um clube náutico que ficava ali perto. Naufragamos entre movimentos descompassados e recordações daquele inebriante clarete. A temperatura da água era de congelar, mas nem isto foi suficiente para nos recuperar de seus efeitos devastadores. Não havia socorro, ninguém se aventuraria entrar no rio em um dia como aquele. Com muito esforço, conseguimos levar o barco semi-submerso até uma ilha e depois retornamos a casa. Fomos recebidos com muito café preto. O vinho foi parar na água barrenta e ali ficou indissolúvel, uma estranha força parecia uni-lo. Lentamente foi desaparecendo no movimento das ondas, mas permaneceu assim na minha lembrança.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cascata da Eulália em janeiro

Este era o aspecto da Cascata de Eulália em janeiro, ela permanece assim durante todo o verão, podendo secar completamente, não correndo um único fio de água. É um registro natural da distribuição dos 1.600 mm de chuva que nossa região recebe todos os anos. No final do outono a água começa a aparecer, durante o inverno o volume vai aumentando, lá por agosto é a coisa mais linda de se ver, a água desce violentamente e o ronco da cascata pode ser escutado de muito longe. Durante o período vegetativo vai minguando, no final de novembro e início de dezembro, quando os cachos estão fechando e alguns parrerais recebem as primeiras aplicações de calda bordalesa, praticamente desaparece Tem uma estradinha que passa lá embaixo, no fundo do paredão, as vezes, a correnteza transborda recobrindo uma pequena ponte, é melhor perguntar antes para os moradores do caminho, pois nem sempre é possivel ultrapassa-la.
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cordeiro do M'Bororé

Domingo passado estive almoçando na casa de uma das irmãs Siliprandi. A mãe, Dona Thereza, também esteve presente e nos brindou com sua imensa alegria. Quando cheguei, um suave aroma vinha da cozinha, onde Maria preparava um assado no forno. Emma chegou logo em seguida Era um corte especial, o quarto de um cordeiro nascido e criado nos verdes campos do M'Bororé, em nosso longínquo Itaqui. Cresceu solto no pasto,sob o sol abrasador da fronteira, nas cercanias do Rio Uruguai. Nem bem desmamado foi abatido e, quando chegou a Porto Alegre, já veio descontado de uma paleta, certamente devorada por um zorro, na véspera da viagem.

Permaneceu marinando em ervas durante a noite, assou lentamente em fogo brando ficou tão tenro, que desmanchava na boca. A carne descolava do osso, rosada era mesmo muito macia, peça perfeita para o almoço de quatro pessoas. Foi servido acompanhado de salada de batatas , salada verde, com folhas coloridas e cogumelos frescos trazidos da Pertil. O vinho era um Chianti DOCG , safra 2006 da Casa Vinícola Caldirola. Corte clássico de Sangiovese, Canaiolo Nero, Trebbiano Toscano e Mavalsia, esteve a altura, foi um grande coadjuvante daquele assado dos deuses. Corpo médio equilibrado e de muita elegância, na boca fruta madura, ameixa seca nítida, porem suave e agradável, realçava todo sabor daquele rico cordeirinho.

Após o almoço provamos um delicioso licor de nêspera, produzido artesanalmente, curtido numa purinha de Santo Antônio, depois retomamos uma antiga conversa sobre os butiás do Rio Grande. São muitos e se espalham por todo estado: Arambaré, Mostardas, Palmares, Santa Vitória do Palmar....

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Glossário de Termos Vinícolas

Em minha lista de leitura, tenho acompanhado alguns blogs de Portugal, aparecem no filtro MUNDO do ENOBLOGS. As vezes, é um pouco difícil entender o que nossos amigos degustadores do outro lado do Atlântico tentam dizer em suas avaliações. Assim, é possível encontrar afirmações como: cor rubi com laivos violáceos, taninos sutis e uma ligeira tosta, cor muito fresca e sedutora, vinho guloso e quente, ou frutas vermelhas assumem posição, ou ainda bom vinho para ficar na garrafeira...

Acrescentei este novo link em meus sites recomendados, para facilitar a compreensão destes textos. O glossário faz parte do Vinhos.Online.pt, onde tambem podemos buscar vinhos, bibliografia, guias ou informações sobre regiões de Portugal.